segunda-feira, 23 de abril de 2012

9 semanas, 9 surpresas - 8.ª semana

Por razões várias não me foi possível cumprir o desafio na 6.ª e 7.ª semana... A mão da mãe que me desculpe! Vou agora redimir-me com mais uma surpresa para o melhor namorado e pai do mundo... Telefonei aos avózinhos B. e L. e contemplei-os com uma fantástica tarde/ noite na companhia do «neto favorito» no feriado de 4.ª feira! Ehehehehehheheehhe

Eu e o J. merecemos um tempo só nosso e por isso quando chegar a casa vai ser brindado com um envelope "confidencial" (que está colado no nosso frigorífico)... no interior, um «vale» para uma sessão de cinema e/ ou um jantar de Sushi no nosso restaurante de eleição. Espero que ele goste... Assim que tiver a reacção venho contar-vos!

Beijinhos enormes e boas surpresas,
T*******



quarta-feira, 18 de abril de 2012

19 meses - um pequeno tigre...


Parabéns para o meu pequeno tigre lutador (que por acaso é o teu signo chinês), sempre de «garras» e «dentes» prontos, faz hoje 19 meses! Queria agradecer-te por teres ultrapassado este mau momento e me permitires voltar a sorrir. Eu e o papá até já brincamos com a situação e dizemos que te fizeram um reset ao cérebro lá no hospital: quando acordaste do sono, estavas bem mais falador... Pediste-nos pão assim: «Papá qué pã!». Ficámos boquiabertos!

Ontem quando chegaste do infantário vinhas com o dedinho indicador em riste e dizias «nã-nã-nã», parecia que estavas a ralhar comigo! Estás muito engraçado e já nos tentas imitar em tudo... Quando vamos à casa de banho, por exemplo, aproximas-te da sanita e também te começas a despir. Assim que te sento, ficas com o corpo em prancha e recusas-te a sentar ali... Ganhaste também um vício: pedes-nos para lavar os dentes umas cinco vezes por dia. Vens ter connosco com o dedo indicador a esfregar os dentinhos. Damos-te a escova com pasta e passados alguns segundos queres que voltemos a pôr... és muito esperto!!! Gostas do sabor a maçã e banana... Por falar nisso, andas a comer como um «leão»... e até voltaste a comer banana (que tinhas enjoado aos 10 meses) e adoras maçã reineta! Estamos agora a ver o «Mickey» (a tua obsessão) enquanto esperamos pelos avózinhos que te vêm cantar os «Parabéns» e comer uma fatia da tarte de morangos que preparei para o efeito!


Estás muito, muito mimado, mas também acho que és muito, muito feliz!!!

Beijinhos enormes,

A tua mãe



terça-feira, 17 de abril de 2012

Adenda aos medos


Termina hoje o episódio da doença... Não vos vou massacrar mais com este relato dos dias infernais porque passámos, mas achei necessária esta adenda àquilo que vos descrevi.

O Xavi hoje voltou ao infantário: o pai teve de ir trabalhar mas eu tirei o dia para estar por perto, caso fosse necessário «socorrê-lo». Cheguei pouco depois das 9h e lá estavam todos os meninos na sala com as auxiliares e a educadora da outra sala: ele chorou, ele esperneou, ele agarrou-se ao meu pescoço a chorar, ele pegou na minha mão e arrastou-me até ao corredor... Não foi fácil... Para além disso estive a reviver os momentos do internamento, ao explicar toda a história a esta educadora. E foi nessa altura que verbalizei aquilo que aqui me esqueci de dizer:

«-É horrível sentirmos que o nosso filho já não se parece com o nosso filho. É como se não o reconhecêssemos nas atitudes e na presença... Essa é mesmo a pior parte!»

Quando nos falam pela primeira vez na palavra «meningite» o pensamento leva-nos automaticamente para a morte e logo de seguida vêm as deficiências profundas. Sim, toda a gente conhece um caso de alguém que tinha um filho normal e que de um momento para outro ficou incapacitado pela doença. No meu caso por exemplo lembro-me perfeitamente do meu «caso ilustrativo»...

O meu irmão quando era bebé teve alguns episódios de convulsão febril. Para quem desconhece: as febres são altíssimas e o corpo reage com o revirar dos olhos, a espuma na boca, pele arroxeada. Enfim... eu costumo dizer que entre os 10 e os 12 anos vi o meu irmão «morrer» algumas vezes. A minha mãe era atormentada pela filha de uns vizinhos do meu prédio que tinham uma filha com uns 6/7 anos que tinha ficado com deficiências profundas devido a uma meningite. E eu também vivi com esse terror!

Esses medos não eram infundados... eles crescem enormemente quando estamos realmente a passar pela situação! A falta de diagnóstico naquelas horas de pouca informação não foi o mais grave, o pior foi ver o Xavi totalmente diferente do que costuma ser: batia em toda a gente, pontapeava, dava socos e tentava arrancar o cateter... Eu com o pânico chorava e puxava os cabelos de cada vez que ele se tornava muito agressivo... Afagava-lhe o cabelo e dizia-lhe: «-Filho, por favor... estás a assustar-me! Pára...». Como se ele me estivesse a ouvir... Estava num outro mundo e é isso que assusta: como se ele não estivesse presente, não nos reconhecesse e nós não o reconhecêssemos a ele.

No dia seguinte fui para o hospital carregada de coisas que o pudessem estimular, mas ele só dormia... e eu só o queria ver acordado para garantir que ele estava mesmo bem. Quando acordou pus-lhe logo um daqueles jogos de encaixar formas à frente para ele fazer... e ele encaixou todas as peças! Fiquei tão imensamente feliz! Andar ainda não andava, mas ao menos estava coordenado: até comeu sozinho nesse dia. Foram estas pequenas vitórias que foram dando alento aos dias e fizeram com que me convencesse que tudo não teria passado de um enorme susto!
Neste momento o meu pensamento está com uma mãe que está com o seu filho internado... Quero imensamente, com todas as minhas forças, que muito em breve ela também possa relatar as vitórias do seu bebé lutador... Força, muita força!






segunda-feira, 16 de abril de 2012

Um selo da Anita para mim e de mim para vocês


Aqui está... levei com mais um selo... Foi a minha querida vizinha Anita quem me ofereceu em jeito de miminho... Obrigada!


Cinco factos sobre mim:
1.º Adoro poupar (acho que o meu sangue "cristão-novo" assim exige...);
2.º Fui vocalista de uma banda (muito má por sinal...);
3.º Não uso saltos altos há alguns anos (habituei-me e só uso em casamentos e baptizados);
4.º Adoro correr;
5.º Sou viciada em café.

Cinco blogs a quem passo este selo:
1.º Gaby
2.º Marbel
3.º Sónia
4.º Sofia


1. Escolher cinco blogues recentes com menos de duzentos seguidores para atribuir este selo;
2. Mostrar o agradecimento a quem atribuiu o selo fazendo um link para o seu blog;
3. Colocar o selo no blogue. Listar os bloggers a quem se atribui o prémio com os seus links. deixar comentário nos seus blogues para que tenham conhecimento do selo;
4. Partilhar cinco factos aleatórios acerca da nossa pessoa que as pessoas não sabem ainda.


O alívio

Depois de tantas manifestações de carinho e apoio, seria injusto não relatar o enorme alívio que nos assolou perto das 15h30m... Finalmente fomos à consulta com o Dr. Victor Hugo - o melhor pediatra de Setúbal e arredores! As notícias são excelentes: o Xavi está recuperado e voltará amanhã ao infantário. Fui para a consulta com milhares de dúvidas e «macaquinhos» na cabeça que ficaram totalmente esclarecidas com a voz calma e a postura sábia do médico. Ele realmente é tão tranquilo que nos «desmonta» logo aqueles fantasmas e monstros que havíamos criado...

«-Dr. eu acho que o bebé não voltou a andar normalmente...»
(o Xavi vai para o chão e começa a andar, o médico observa em silêncio)
«-Eu não acho nada... acho que está normalíssimo...»

ou

«-Ele anda sempre irritado e às vezes até nos bate...»
«-Pois... isso são as birras da idade... é o "mimo"... Esta é a altura para controlar essas birras. A doença já passou e ele criou "vícios" que têm de acabar!»

Sempre assim: super pragmático, prático e assertivo! Adoro-o...


Amanhã volta para a "escolinha" e eu tirei o dia para o levar mais tarde. Assim se chegar perto das 9 horas já lá estarão todos os coleguinhas e a educadora. E claro, se for preciso (ou se as saudades apertarem) vou buscá-lo mais cedo!

Muito obrigada por todo o apoio,

Renascemos mais fortes,

T*******

sábado, 14 de abril de 2012

Páscoa: o renascimento... - 2.ª parte


Depois de recebida a notícia que ficaríamos no hospital por tempo indeterminado a angústia tomou conta de todos os recantos do nosso corpo que ainda não haviam cedido ao cansaço. Enquanto ele dormia, nós ficámos ali na sala reservada sem trocarmos palavras, sem dormir, sem acreditar no que nos estava a acontecer. Às 8 da manhã houve mudança de turno, a enfermeira C. (um anjo na terra) veio despedir-se com a certeza de que ele ía recuperar - sempre com um sorriso de orelha a orelha! O Dr. H.F. também se despediu e disse que o colega Dr. P. vinha ter connosco em breve...
Por volta do meio-dia o Xavi acordava lentamente e chamámos o Dr. P. que o iria observar. Depois de ter visto uma otite, olhou para a garganta e para os olhos, mexeu-lhe o pescoço, as pernas, os braços... Tudo isto num silêncio profundo. Terminada a "vistoria", afirma: «-Em princípio o bebé não terá qualquer dano neurológico!». Uffffffffaaaaaa, que grande alívio... Foi tão bom ouvir aquelas palavras, um verdadeiro «sopro no coração». De qualquer forma avisou-nos que o tratamento anti-viral era fundamental para a recuperação e que o nosso bebé estava com as "defesas em baixo" (glóbulos brancos) e que isso era um motivo de preocupação. Estariamos assim em «isolamento protetor» de modo a prevenir que o Xavi fosse sujeito a mais algum vírus ou bactéria que o debilitasse ainda mais. Como não havia quartos disponíveis no S.O (Serviço de Observação Pediátrica) iriamos ser transferidos para o Internamento de Pediatria, mas teriamos de aguardar naquela sala das Urgências. Ali ficámos prostrados, a olhar para o tecto, quando de repente irrompe por ali a dentro um médico das Urgências com um miúdo de 6/7 anos pela mão (dos tais que vomitavam sem parar...) e me diz: «-Vou pedir que fique aqui apenas um dos acompanhantes porque não há macas e temos de pôr aqui este menino!». Boquiaberta, devo ter feito a minha cara número 33... e ele ripostou: «-O que é que é? Isto é mesmo assim... Não fique com essa cara olhando para mim, não.» (imaginem todo o discurso com sotaque brasileiro). Neste momento explodi, já com lágrimas a escorrerem cara abaixo: «-Estamos aqui desde a meia-noite, recebemos um diagnóstico de meningite, não dormimos há mais de 24 horas...(pausa)... mas tudo bem (e passei-lhe a mão no ombro)». O João explode também e diz-lhe: «-Então mas o nosso bebé está com as defesas em baixo e vocês vão juntá-lo com alguém?!? Ele precisa de dormir e vocês só fazem barulho, estamos à espera do internamento e estamos aqui nas Urgências abandonados...». E o médico responde: «-Mas nós já estamos dando o apoio necessário...». Ao que eu respondo já de mala aviada para sair: «-E quem é que dá apoio aos pais?!?».

Esta continua a ser a grande questão que me assola: «-Quem é que dá apoio aos pais?!?». Durante o tempo do internamento as auxiliares (em especial a D. Margarida), as enfermeiras e os médicos fizeram o que podiam pelo bebé... mas e os pais?!? Ninguém nos bateu à porta do quarto e nos perguntou como é que nos sentíamos, ninguém veio racionalizar os nossos medos e vê-los de fora. Em cinco dias, ninguém veio... Era assim sempre: eu, ele, o bebé e os nossos medos a ocuparem o quarto todo por inteiro.

Quarto 18/19. Quando cheguei (depois de ir a casa tomar banho) já a avó B. tinha saído. Segundo disse o pai, muito incomodada com o papel colado na porta que dizia: «Isolamento Protetor». A maioria das pessoas nos corredores fugia de nós com medo de apanhar alguma coisa. Não percebiam que era ao contrário: nós é que estávamos sujeitos a que o bebé enfraquecesse. À noite (entre as 22h e as 8h) só pode pernoitar um dos pais... foi um sufoco para mim regressar a casa e não a sentir minha... parecia um fantasma... Quando me fui deitar tentava dormir e acordava em sobressalto e em pânico, enviava mensagens ao pai e lá consegui dormitar três horinhas. O domingo de Páscoa foi tranquilo: a médica que o veio observar disse que era normal ele dormir muito mas perguntou se ele poderia ter tido acesso a medicamentos, respondemos em uníssono: «impossível!»; almoçámos «ensopado de borrego» que a avó L. nos preparou; e o Xavi dormia, acordava bem-disposto e brincava, comeu sopa, comeu sozinho o 2.º prato, enfim... parecia estar tudo normal. Tão normal que resolveram tirar-lhe o soro. Essa noite a mamã ficou com o bebé que adormeceu profundamente à 1 da manhã. A mamã conseguiu dormir também entre as 2 e as 5.

Na manhã seguinte o Dr. O.F. veio com um diagnóstico diferente: as análises ao sangue do Xavi acusavam anti-depressivos. O quê?!? Como?!? Dissemos que isso era completamente impossível: ninguém nas nossas famílias toma anti-depressivos e por isso começámos a fazer filmes muito, muito dramáticos... Foi uma angústia tremenda... Tirando as primeiras horas nas urgências este foi o segundo momento mais aflitivo! Foi por esta altura que me fui a baixo, fui para a rua espairecer e tentar falar com o pediatra dele. Disseram-me que estava de férias mas que no dia seguinte nos iria visitar ao hospital... Naquela altura perdi a confiança nos médicos, achei que andavam «aos papéis», a tirar «nabos da púcara» e a «atirar postas de pescada» a ver se acertavam... Que revolta imensa! À tarde recebemos a visita da magnífica enf.ª C. a quem contámos as nossas angústias, ao que ela responde com uma gargalhada enorme: «-Ahahahahhahahahahahah quais anti-depressivos?!? As análises dele acusaram foi a dose cavalar de sedativos que tivemos de lhe dar... Ahahahahahhahahahahhahahaha». Ufffffffffffaaaaaaaa que alívio! Acham normal?!? Tinham-se esquecido de mencionar no processo que o bebé tinha sido sedado para fazer os exames... Inacreditável!

Quando vi a Dr.ª R. no corredor transmiti-lhe a mensagem mas passámos o resto do dia sem um pedido de desculpas ou uma explicação. Algures neste período de tempo voltaram a pedir análises: novo saco para a urina e nova picada para recolherem sangue. Na sala do Nemo, da Dóris e do tubarão esfomeado... Já ao final da tarde o pai já estava muito revoltado e começou a confrontar a enfermeira: «-O nosso bebé não come há 24 horas, ninguém lhe volta a pôr o soro, já vomitou e ninguém faz nada, só dorme... Onde é que andam os médicos?!? Queremos que alguém nos venha dizer alguma coisa...». A enfermeira viu-se obrigada a chamar os médicos que estavam nas urgências... Chegaram duas médicas a pedir desculpa pelo sucedido e a explicar os sintomas de uma «meningo-encefalite viral». Este era então o cenário... «-É normal que ele durma muito pois o cérebro está a recuperar. Normalmente o pior é quando ocorre alguma convulsão nas primeiras 24 horas. Eu própria tenho um filho com 4 anos que recuperou totalmente de uma encefalite viral. (...)». Voltei a panicar! Ao contrário do que seria normal em mim, não fui a correr para a internet à procura da doença, de testemunhos... nada... fiquei assim, só, a pedir que por favor não fosse nada daquilo. Voltaram a colocar-lhe o soro e por isso o regresso a casa parecia ficar cada vez mais inalcançável... Esta noite o pai voltou a ficar e eu vim para casa fazer «filmes».

Já era terça-feira e a esperança de sairmos dali em breve estava muito reduzida. O papá contou que a noite tinha sido muito agitada e que não tinha dormido nada... [abro aqui um parêntesis para dizer que o pai foi mesmo o melhor pai e marido do mundo, sempre pronto, sempre crente, sempre carinhoso, sempre o melhor!] Já eram umas 11 da manhã e de repente o Xavi acorda rabugento, vê o Mickey no computador, come uma papa e pede para ir para a cama. Nisto o Dr. O.F. chega, olha para ele e diz-nos para lhe calçarmos os sapatos porque ele queria vê-lo a andar... Assim fizemos... Quando abrimos a porta para o corredor ele correu-o de uma ponta à outra em menos de nada. O Dr. disse: «-Já vi o que queria ver!». Pouco tempo depois foi ter connosco e disse-nos que lhe ía dar alta... «-Vão para casa ele continua a tomar o Zovirax, em xarope, até 2.ª feira e depois vão ao pediatra dele. O Victor que o ature!!!».

Foi uma surpresa enorme... de um momento para o outro estávamos quase em casa... Que bom! Antes de irmos embora ainda perguntámos ao médico qual era o diagnóstico definitivo, o que é que ele tinha tido... ao que ele responde: «-Um vírus! Está a fazer tratamento para o vírus "a herpes" mas na minha opinião a causa poderá ter sido um enterovírus... Nunca saberemos ao certo... O que interessa é que ele recuperou as defesas e está a lutar sozinho...». E assim ficámos: sem certezas de nada e com muitas dúvidas... Estou ansiosa que chegue 2ª feira para colocá-las todas ao pediatra dele.

Aparentemente o Xavi está totalmente recuperado... Brinca muito, fala pelos cotovelos [no hospital aprendeu imensas palavras e até frases: «nã qué pã»/«não quero pão»], faz as birras normais para a idade, dorme uma sesta à tarde, come imenso [até fruta, banana que não comia desde os 10 meses e maçã reineta, que nunca tinha provado] mas na nossa opinião de pais a marcha não voltou ao que era... Parece que regrediu... de qualquer forma é uma falha muito ligeira, quem não o conhecia nunca se aperceberá... Foi um valente susto mas saiu-nos o «euromilhões» quando o diagnóstico inicial não se confirmou. Renascemos assim mais fortes!

Beijinhos enormes para todos os pais que passam/passaram pelo mesmo,
para todos os que nos apoiaram,
para o melhor pai do mundo,
para o bebé lutador...

T*******




sexta-feira, 13 de abril de 2012

Páscoa: o renascimento... - I.ª parte


Podem-me dizer que o pior já passou, mas o medo (um medo terrível) continua a apoderar-se de mim. Faz hoje exactamente uma semana que começaram os piores dias da minha vida - não, não é um cliché, foram mesmo os piores. O Xavi esteve internado no hospital entre sexta-feira santa (dia 6) e terça-feira (dia 10). Vou escrever tudo o que se passou para expurgar todos os males e para nunca me esquecer do que tivemos de passar. Espero que esta escrita funcione como uma espécie de «carta aberta» a todos os pais que, como nós, tiveram ou têm um filho internado...

A dor é enorme e domina-nos quase por completo, apodera-se por completo do nosso corpo, do nosso espírito e envolve todo o ambiente que nos rodeia de uma aura de indiferença: como se o mundo não existisse e estivéssemos num outro tempo e espaço que não aquele que nos sufoca. Complicado?!? Vou tentar explicar melhor, sem ter a certeza de que consiga exprimir na medida exacta o peso destes momentos.

Segunda-feira, dia 2 de Abril, eu e pai vamos trabalhar e quando chegamos ao trabalho ligam-nos da escola a dizer que o Xavi estava com febre. No dia anterior tinha dito a uns amigos que o nosso bebé nunca estava doente: parecia castigo! Depois da sesta levámo-lo para casa... A febre manteve-se até quarta-feira e por esse motivo resolvemos ir ao centro de saúde. Fomos de manhã mas o médico de família só nos podia atender à tarde. Voltámos à tarde... O Xavi estava muito impaciente, irritado e até com iras que não são normais nele. Até tinhamos comentado que se aquelas birras continuassem até aos 3 anos ía ser um tormento. No consultório o médico depois de o observar disse não ver nada que despoletasse a febre: nem otite, nem amigdalite, nada dos pulmões, nada?!?... Apesar de tudo receitou-nos um antibiótico e deixou ao nosso critério dar-lhe ou não. Constatámos que era melhor dar-lhe o antibiótico uma vez que ele tinha tomado poucas vezes e não sabíamos onde estava a causa da febre. Às 18 horas faz a primeira toma do Azitrix e às 2 da manhã ainda estava febril. Pusemos um supositório «Panasorbe 250 mg» e na manhã seguinte já não havia febre. No entanto, apareceram sintomas muito estranhos: o pai reparou que o Xavi andava tonto e tropeçava com facilidade, irava-se por tudo e por nada, perdeu o apetite, fez três diarreias e apareceram-lhe manchas muito pequeninas no pescoço, cara e tronco. No final do dia de 5.ª feira a mamã achou que o cenário não era nada animador e que poderia estar a fazer uma reacção adversa a este antibiótico. Falou com uma amiga médica, a Leonor, que lhe disse que esse antibiótico era fortíssimo e que normalmente não era prescrito a crianças. Depois falou com uma amiga enfermeira, a Andreia, que também falou no mesmo... Mas nem uma, nem outra, pareciam convencidas com a tese de «alergia» ao medicamento. Antes da 2.ª toma do Azitrix, resolvemos ligar para a Linha «Saúde 24». Disseram-nos que o melhor a fazer era corrermos para o centro de saúde e esperar que ainda estivesse aberto. Quando chegámos às 19h15m já só lá estava a enfermeira que trabalha com o médico de família e uma médica noutro consultório. As duas, a quem relatámos todos os sintomas, puderam observar o Xavi e não estavam convencidas da reacção adversa. De qualquer forma mandaram-nos suspender a toma e mais nada... Fomos para casa... No dia seguinte, sexta-feira, alguns dos sintomas mantinham-se inalterados: o tropeçar, as manchas e as iras.

À noite fomos visitar os avós. A avó não achou que o neto estivesse muito normal mas não me quis assustar: mandava-se para o chão, ficava todo tenso, e continuava ligeiramente cambaleante. Quando chegámos a casa, o Xavi bateu à porta (como costume), chamou o gato (como sempre) e correu para ele... mas caíu. Ficámos nervosos! A mamã teve uma intuição e ligou novamente para a «Saúde 24». Com os sintomas apresentados sugeriram-nos ir imediatamente para o hospital.

À meia-noite e pouco fomos atendidos na triagem. Pulseira amarela. Uma hora e meia de espera. Na sala de espera assistimos à angústia de uns avós que falam no neto que vai ser internado por suspeitas de «meningite». Entrada no consultório com a Dr.ª A.E.
- «Não gosto nada do que estou a ver...» - desabafa a médica.
- «Dr.ª desculpe a pergunta descabida mas estávamos ali na sala de espera e ouvimos a palavra «meningite». Acha que os sintomas dele se enquadram nesse diagnóstico?!?» - pergunta o pai.
(um segundo de pausa... que durou uma eternidade!)
- «Sim!» - resposta categórica da médica.

Sexta-feira santa e nós ali: com o mundo lá fora a passar-nos ao lado... Totalmente ao lado! Fomos para uma sala com duas macas, mais reservada do que os corredores cheios de macas com crianças em idade escolar a vomitarem loucamente. Nas horas que se seguiram, eu e ele éramos uns farrapos, uns eremitas, uns loucos, uns dementes. Ao mesmo tempo que nos queríamos aguentar fortes, sorrir e dizer que «não é nada!», a suspeita do que poderia ser criou demónios inimagináveis, horrendos e gigantes. Num primeiro instante, abraçámo-nos, beijámo-nos, afagámos os cabelos mutuamente, acariciámos as mãos um do outro e achámos que ía ser apenas um valente susto. Valeu-nos uma equipa de auxiliares, enfermeiras e médicos que nos explicavam passo a passo a «facada» que nos dariam a seguir. Começaram por colocar um cateter para o soro, fizeram recolha de sangue para análise e colocaram um saco para a urina. De seguida, enquanto dormia tentámos ir fazer a TAC. Quando chegámos perto da máquina o Xavi despertou, voltámos às urgências e foi sedado. A mamã ficou à porta... o papá lá dentro desesperava e o bebé ria-se que nem um perdido, meio zonzo e a acenar antes de entrar na máquina. Cá fora a mamã falava com uma auxiliar que falava nas suas desventuras amorosas e eu confessava que ali dentro estavam os homens da minha vida. No meio da conversa ela disse que «vai correr tudo bem, tem de acreditar» e que o mais importante era ver a cor do líquido que saísse na punção lombar: «se for transparente está tudo bem».

Seguimos para o passo seguinte... O Xavi foi novamente sedado e os papás não assistiram a nada, mas quando o Dr. H.F. saíu da sala a mamã perguntou logo: «-De que cor era o líquido?». Ele sorriu e disse «-Transparente como a água!». Foi um alívio enorme! Eu e o papá abraçámo-nos já sem forças, eram 6 horas e 21 minutos. Quando o efeito da sedação passou, as iras voltaram e estávamos preocupados com a possibilidade de ficar cheio de dores de cabeça por não estar quieto. Entretanto, a enfermeira C. envolveu-o com um lençol e ele adormeceu ao final de algum tempo. Por volta das 8h, o Dr. H.F. voltou a falar connosco e explicou-nos que já tinham 90% de certezas que não se trataria de uma meningite, faltavam os 10% reservados às encefalites. Também já sabiam que a causa não era bacteriana mas sim viral. Deste modo, iniciaram o tratamento intra-venoso com o único anti-viral para estes casos: o Aciclovir. O tratamento exigia um internamento de pelo menos 48 horas. O coração tornou-se novamente numa migalha... Ficar ali no hospital... mais 2 dias pelo menos...




terça-feira, 3 de abril de 2012

5.ª semana - 5.ª surpresa - Planos furados...


Posso dizer, sem medo de errar, que esta semana foi a semana dos «planos furados» e por esse motivo não há surpresa. E aquelas que foram surpresas, ou não se concretizaram como havia sido planeado ou surpreenderam pela negativa!

Na 4.ª feira da semana passada a mamã insistiu muito com o papá para irmos até à praia para tu aproveitares o sol bom que andava no céu, a areia que o ano passado fez as tuas delícias e o mar ao qual te queres atirar sempre que o vês. Nesse dia foi diferente: estava calor, estendemos a toalha e quando te sentaste lá, de lá não saíste... e se tocavas na areia desatavas num berreiro. Não correu mesmo nada bem! Nós bem tentámos... Fiquei tão frustrada... A mamã adora praia e vai ser muito infeliz se tu fores daqueles meninos «avessos» ao Verão.


Na 5.ª feira andei a planear um lanche de aniversário surpresa para a minha amiga C. Combinei com outras duas amigas (e respectivos filhotes) que estivessem cá em casa antes da C. para a surpreendermos com um bolo de aniversário. Fiz uma tarte de morangos estupenda! Enquanto a cozinhava calhou olhar de relance para o calendário, que dizia: «dia 31 de Março: aniversário da C.». Ou seja, ela não fazia anos nesse dia!!! Bolas!!! Mas ela gostou à mesma e quando lhe contei a façanha ela fartou-se de rir... e ainda recebeu dois miminhos!

E assim foi a semana da ausência de supresas...