Por razões várias não me foi possível cumprir o desafio na 6.ª e 7.ª semana... A mão da mãe que me desculpe! Vou agora redimir-me com mais uma surpresa para o melhor namorado e pai do mundo... Telefonei aos avózinhos B. e L. e contemplei-os com uma fantástica tarde/ noite na companhia do «neto favorito» no feriado de 4.ª feira! Ehehehehehheheehhe
Eu e o J. merecemos um tempo só nosso e por isso quando chegar a casa vai ser brindado com um envelope "confidencial" (que está colado no nosso frigorífico)... no interior, um «vale» para uma sessão de cinema e/ ou um jantar de Sushi no nosso restaurante de eleição. Espero que ele goste... Assim que tiver a reacção venho contar-vos!
Beijinhos enormes e boas surpresas,
T*******
segunda-feira, 23 de abril de 2012
quarta-feira, 18 de abril de 2012
19 meses - um pequeno tigre...
Ontem quando chegaste do infantário vinhas com o dedinho indicador em riste e dizias «nã-nã-nã», parecia que estavas a ralhar comigo! Estás muito engraçado e já nos tentas imitar em tudo... Quando vamos à casa de banho, por exemplo, aproximas-te da sanita e também te começas a despir. Assim que te sento, ficas com o corpo em prancha e recusas-te a sentar ali... Ganhaste também um vício: pedes-nos para lavar os dentes umas cinco vezes por dia. Vens ter connosco com o dedo indicador a esfregar os dentinhos. Damos-te a escova com pasta e passados alguns segundos queres que voltemos a pôr... és muito esperto!!! Gostas do sabor a maçã e banana... Por falar nisso, andas a comer como um «leão»... e até voltaste a comer banana (que tinhas enjoado aos 10 meses) e adoras maçã reineta! Estamos agora a ver o «Mickey» (a tua obsessão) enquanto esperamos pelos avózinhos que te vêm cantar os «Parabéns» e comer uma fatia da tarte de morangos que preparei para o efeito!
Estás muito, muito mimado, mas também acho que és muito, muito feliz!!!
Beijinhos enormes,
A tua mãe
terça-feira, 17 de abril de 2012
Adenda aos medos
Termina hoje o episódio da doença... Não vos vou massacrar mais com este relato dos dias infernais porque passámos, mas achei necessária esta adenda àquilo que vos descrevi.
O Xavi hoje voltou ao infantário: o pai teve de ir trabalhar mas eu tirei o dia para estar por perto, caso fosse necessário «socorrê-lo». Cheguei pouco depois das 9h e lá estavam todos os meninos na sala com as auxiliares e a educadora da outra sala: ele chorou, ele esperneou, ele agarrou-se ao meu pescoço a chorar, ele pegou na minha mão e arrastou-me até ao corredor... Não foi fácil... Para além disso estive a reviver os momentos do internamento, ao explicar toda a história a esta educadora. E foi nessa altura que verbalizei aquilo que aqui me esqueci de dizer:
«-É horrível sentirmos que o nosso filho já não se parece com o nosso filho. É como se não o reconhecêssemos nas atitudes e na presença... Essa é mesmo a pior parte!»
Quando nos falam pela primeira vez na palavra «meningite» o pensamento leva-nos automaticamente para a morte e logo de seguida vêm as deficiências profundas. Sim, toda a gente conhece um caso de alguém que tinha um filho normal e que de um momento para outro ficou incapacitado pela doença. No meu caso por exemplo lembro-me perfeitamente do meu «caso ilustrativo»...
O meu irmão quando era bebé teve alguns episódios de convulsão febril. Para quem desconhece: as febres são altíssimas e o corpo reage com o revirar dos olhos, a espuma na boca, pele arroxeada. Enfim... eu costumo dizer que entre os 10 e os 12 anos vi o meu irmão «morrer» algumas vezes. A minha mãe era atormentada pela filha de uns vizinhos do meu prédio que tinham uma filha com uns 6/7 anos que tinha ficado com deficiências profundas devido a uma meningite. E eu também vivi com esse terror!
Esses medos não eram infundados... eles crescem enormemente quando estamos realmente a passar pela situação! A falta de diagnóstico naquelas horas de pouca informação não foi o mais grave, o pior foi ver o Xavi totalmente diferente do que costuma ser: batia em toda a gente, pontapeava, dava socos e tentava arrancar o cateter... Eu com o pânico chorava e puxava os cabelos de cada vez que ele se tornava muito agressivo... Afagava-lhe o cabelo e dizia-lhe: «-Filho, por favor... estás a assustar-me! Pára...». Como se ele me estivesse a ouvir... Estava num outro mundo e é isso que assusta: como se ele não estivesse presente, não nos reconhecesse e nós não o reconhecêssemos a ele.
No dia seguinte fui para o hospital carregada de coisas que o pudessem estimular, mas ele só dormia... e eu só o queria ver acordado para garantir que ele estava mesmo bem. Quando acordou pus-lhe logo um daqueles jogos de encaixar formas à frente para ele fazer... e ele encaixou todas as peças! Fiquei tão imensamente feliz! Andar ainda não andava, mas ao menos estava coordenado: até comeu sozinho nesse dia. Foram estas pequenas vitórias que foram dando alento aos dias e fizeram com que me convencesse que tudo não teria passado de um enorme susto!
Neste momento o meu pensamento está com uma mãe que está com o seu filho internado... Quero imensamente, com todas as minhas forças, que muito em breve ela também possa relatar as vitórias do seu bebé lutador... Força, muita força!
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segunda-feira, 16 de abril de 2012
Um selo da Anita para mim e de mim para vocês
Aqui está... levei com mais um selo... Foi a minha querida vizinha Anita quem me ofereceu em jeito de miminho... Obrigada!
Cinco factos sobre mim:
1.º Adoro poupar (acho que o meu sangue "cristão-novo" assim exige...);
2.º Fui vocalista de uma banda (muito má por sinal...);
3.º Não uso saltos altos há alguns anos (habituei-me e só uso em casamentos e baptizados);
4.º Adoro correr;
5.º Sou viciada em café.
Cinco blogs a quem passo este selo:
1.º Gaby
2.º Marbel
3.º Sónia
4.º Sofia
5.º Martinha
1. Escolher cinco blogues recentes com menos de duzentos seguidores para atribuir este selo;
2. Mostrar o agradecimento a quem atribuiu o selo fazendo um link para o seu blog;
3. Colocar o selo no blogue. Listar os bloggers a quem se atribui o prémio com os seus links. deixar comentário nos seus blogues para que tenham conhecimento do selo;
4. Partilhar cinco factos aleatórios acerca da nossa pessoa que as pessoas não sabem ainda.
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O alívio
Depois de tantas manifestações de carinho e apoio, seria injusto não relatar o enorme alívio que nos assolou perto das 15h30m... Finalmente fomos à consulta com o Dr. Victor Hugo - o melhor pediatra de Setúbal e arredores! As notícias são excelentes: o Xavi está recuperado e voltará amanhã ao infantário. Fui para a consulta com milhares de dúvidas e «macaquinhos» na cabeça que ficaram totalmente esclarecidas com a voz calma e a postura sábia do médico. Ele realmente é tão tranquilo que nos «desmonta» logo aqueles fantasmas e monstros que havíamos criado...
«-Dr. eu acho que o bebé não voltou a andar normalmente...»
(o Xavi vai para o chão e começa a andar, o médico observa em silêncio)
«-Eu não acho nada... acho que está normalíssimo...»
ou
«-Ele anda sempre irritado e às vezes até nos bate...»
«-Pois... isso são as birras da idade... é o "mimo"... Esta é a altura para controlar essas birras. A doença já passou e ele criou "vícios" que têm de acabar!»
Sempre assim: super pragmático, prático e assertivo! Adoro-o...
Amanhã volta para a "escolinha" e eu tirei o dia para o levar mais tarde. Assim se chegar perto das 9 horas já lá estarão todos os coleguinhas e a educadora. E claro, se for preciso (ou se as saudades apertarem) vou buscá-lo mais cedo!
Muito obrigada por todo o apoio,
Renascemos mais fortes,
T*******
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alívio
sábado, 14 de abril de 2012
Páscoa: o renascimento... - 2.ª parte
Por volta do meio-dia o Xavi acordava lentamente e chamámos o Dr. P. que o iria observar. Depois de ter visto uma otite, olhou para a garganta e para os olhos, mexeu-lhe o pescoço, as pernas, os braços... Tudo isto num silêncio profundo. Terminada a "vistoria", afirma: «-Em princípio o bebé não terá qualquer dano neurológico!». Uffffffffaaaaaa, que grande alívio... Foi tão bom ouvir aquelas palavras, um verdadeiro «sopro no coração». De qualquer forma avisou-nos que o tratamento anti-viral era fundamental para a recuperação e que o nosso bebé estava com as "defesas em baixo" (glóbulos brancos) e que isso era um motivo de preocupação. Estariamos assim em «isolamento protetor» de modo a prevenir que o Xavi fosse sujeito a mais algum vírus ou bactéria que o debilitasse ainda mais. Como não havia quartos disponíveis no S.O (Serviço de Observação Pediátrica) iriamos ser transferidos para o Internamento de Pediatria, mas teriamos de aguardar naquela sala das Urgências. Ali ficámos prostrados, a olhar para o tecto, quando de repente irrompe por ali a dentro um médico das Urgências com um miúdo de 6/7 anos pela mão (dos tais que vomitavam sem parar...) e me diz: «-Vou pedir que fique aqui apenas um dos acompanhantes porque não há macas e temos de pôr aqui este menino!». Boquiaberta, devo ter feito a minha cara número 33... e ele ripostou: «-O que é que é? Isto é mesmo assim... Não fique com essa cara olhando para mim, não.» (imaginem todo o discurso com sotaque brasileiro). Neste momento explodi, já com lágrimas a escorrerem cara abaixo: «-Estamos aqui desde a meia-noite, recebemos um diagnóstico de meningite, não dormimos há mais de 24 horas...(pausa)... mas tudo bem (e passei-lhe a mão no ombro)». O João explode também e diz-lhe: «-Então mas o nosso bebé está com as defesas em baixo e vocês vão juntá-lo com alguém?!? Ele precisa de dormir e vocês só fazem barulho, estamos à espera do internamento e estamos aqui nas Urgências abandonados...». E o médico responde: «-Mas nós já estamos dando o apoio necessário...». Ao que eu respondo já de mala aviada para sair: «-E quem é que dá apoio aos pais?!?».
Esta continua a ser a grande questão que me assola: «-Quem é que dá apoio aos pais?!?». Durante o tempo do internamento as auxiliares (em especial a D. Margarida), as enfermeiras e os médicos fizeram o que podiam pelo bebé... mas e os pais?!? Ninguém nos bateu à porta do quarto e nos perguntou como é que nos sentíamos, ninguém veio racionalizar os nossos medos e vê-los de fora. Em cinco dias, ninguém veio... Era assim sempre: eu, ele, o bebé e os nossos medos a ocuparem o quarto todo por inteiro.
Quarto 18/19. Quando cheguei (depois de ir a casa tomar banho) já a avó B. tinha saído. Segundo disse o pai, muito incomodada com o papel colado na porta que dizia: «Isolamento Protetor». A maioria das pessoas nos corredores fugia de nós com medo de apanhar alguma coisa. Não percebiam que era ao contrário: nós é que estávamos sujeitos a que o bebé enfraquecesse. À noite (entre as 22h e as 8h) só pode pernoitar um dos pais... foi um sufoco para mim regressar a casa e não a sentir minha... parecia um fantasma... Quando me fui deitar tentava dormir e acordava em sobressalto e em pânico, enviava mensagens ao pai e lá consegui dormitar três horinhas. O domingo de Páscoa foi tranquilo: a médica que o veio observar disse que era normal ele dormir muito mas perguntou se ele poderia ter tido acesso a medicamentos, respondemos em uníssono: «impossível!»; almoçámos «ensopado de borrego» que a avó L. nos preparou; e o Xavi dormia, acordava bem-disposto e brincava, comeu sopa, comeu sozinho o 2.º prato, enfim... parecia estar tudo normal. Tão normal que resolveram tirar-lhe o soro. Essa noite a mamã ficou com o bebé que adormeceu profundamente à 1 da manhã. A mamã conseguiu dormir também entre as 2 e as 5.
Na manhã seguinte o Dr. O.F. veio com um diagnóstico diferente: as análises ao sangue do Xavi acusavam anti-depressivos. O quê?!? Como?!? Dissemos que isso era completamente impossível: ninguém nas nossas famílias toma anti-depressivos e por isso começámos a fazer filmes muito, muito dramáticos... Foi uma angústia tremenda... Tirando as primeiras horas nas urgências este foi o segundo momento mais aflitivo! Foi por esta altura que me fui a baixo, fui para a rua espairecer e tentar falar com o pediatra dele. Disseram-me que estava de férias mas que no dia seguinte nos iria visitar ao hospital... Naquela altura perdi a confiança nos médicos, achei que andavam «aos papéis», a tirar «nabos da púcara» e a «atirar postas de pescada» a ver se acertavam... Que revolta imensa! À tarde recebemos a visita da magnífica enf.ª C. a quem contámos as nossas angústias, ao que ela responde com uma gargalhada enorme: «-Ahahahahhahahahahahah quais anti-depressivos?!? As análises dele acusaram foi a dose cavalar de sedativos que tivemos de lhe dar... Ahahahahahhahahahahhahahaha». Ufffffffffffaaaaaaaa que alívio! Acham normal?!? Tinham-se esquecido de mencionar no processo que o bebé tinha sido sedado para fazer os exames... Inacreditável!
Quando vi a Dr.ª R. no corredor transmiti-lhe a mensagem mas passámos o resto do dia sem um pedido de desculpas ou uma explicação. Algures neste período de tempo voltaram a pedir análises: novo saco para a urina e nova picada para recolherem sangue. Na sala do Nemo, da Dóris e do tubarão esfomeado... Já ao final da tarde o pai já estava muito revoltado e começou a confrontar a enfermeira: «-O nosso bebé não come há 24 horas, ninguém lhe volta a pôr o soro, já vomitou e ninguém faz nada, só dorme... Onde é que andam os médicos?!? Queremos que alguém nos venha dizer alguma coisa...». A enfermeira viu-se obrigada a chamar os médicos que estavam nas urgências... Chegaram duas médicas a pedir desculpa pelo sucedido e a explicar os sintomas de uma «meningo-encefalite viral». Este era então o cenário... «-É normal que ele durma muito pois o cérebro está a recuperar. Normalmente o pior é quando ocorre alguma convulsão nas primeiras 24 horas. Eu própria tenho um filho com 4 anos que recuperou totalmente de uma encefalite viral. (...)». Voltei a panicar! Ao contrário do que seria normal em mim, não fui a correr para a internet à procura da doença, de testemunhos... nada... fiquei assim, só, a pedir que por favor não fosse nada daquilo. Voltaram a colocar-lhe o soro e por isso o regresso a casa parecia ficar cada vez mais inalcançável... Esta noite o pai voltou a ficar e eu vim para casa fazer «filmes».
Já era terça-feira e a esperança de sairmos dali em breve estava muito reduzida. O papá contou que a noite tinha sido muito agitada e que não tinha dormido nada... [abro aqui um parêntesis para dizer que o pai foi mesmo o melhor pai e marido do mundo, sempre pronto, sempre crente, sempre carinhoso, sempre o melhor!] Já eram umas 11 da manhã e de repente o Xavi acorda rabugento, vê o Mickey no computador, come uma papa e pede para ir para a cama. Nisto o Dr. O.F. chega, olha para ele e diz-nos para lhe calçarmos os sapatos porque ele queria vê-lo a andar... Assim fizemos... Quando abrimos a porta para o corredor ele correu-o de uma ponta à outra em menos de nada. O Dr. disse: «-Já vi o que queria ver!». Pouco tempo depois foi ter connosco e disse-nos que lhe ía dar alta... «-Vão para casa ele continua a tomar o Zovirax, em xarope, até 2.ª feira e depois vão ao pediatra dele. O Victor que o ature!!!».
Foi uma surpresa enorme... de um momento para o outro estávamos quase em casa... Que bom! Antes de irmos embora ainda perguntámos ao médico qual era o diagnóstico definitivo, o que é que ele tinha tido... ao que ele responde: «-Um vírus! Está a fazer tratamento para o vírus "a herpes" mas na minha opinião a causa poderá ter sido um enterovírus... Nunca saberemos ao certo... O que interessa é que ele recuperou as defesas e está a lutar sozinho...». E assim ficámos: sem certezas de nada e com muitas dúvidas... Estou ansiosa que chegue 2ª feira para colocá-las todas ao pediatra dele.
Aparentemente o Xavi está totalmente recuperado... Brinca muito, fala pelos cotovelos [no hospital aprendeu imensas palavras e até frases: «nã qué pã»/«não quero pão»], faz as birras normais para a idade, dorme uma sesta à tarde, come imenso [até fruta, banana que não comia desde os 10 meses e maçã reineta, que nunca tinha provado] mas na nossa opinião de pais a marcha não voltou ao que era... Parece que regrediu... de qualquer forma é uma falha muito ligeira, quem não o conhecia nunca se aperceberá... Foi um valente susto mas saiu-nos o «euromilhões» quando o diagnóstico inicial não se confirmou. Renascemos assim mais fortes!
Beijinhos enormes para todos os pais que passam/passaram pelo mesmo,
para todos os que nos apoiaram,
para o melhor pai do mundo,
para o bebé lutador...
T*******
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páscoa
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Páscoa: o renascimento... - I.ª parte
A dor é enorme e domina-nos quase por completo, apodera-se por completo do nosso corpo, do nosso espírito e envolve todo o ambiente que nos rodeia de uma aura de indiferença: como se o mundo não existisse e estivéssemos num outro tempo e espaço que não aquele que nos sufoca. Complicado?!? Vou tentar explicar melhor, sem ter a certeza de que consiga exprimir na medida exacta o peso destes momentos.
Segunda-feira, dia 2 de Abril, eu e pai vamos trabalhar e quando chegamos ao trabalho ligam-nos da escola a dizer que o Xavi estava com febre. No dia anterior tinha dito a uns amigos que o nosso bebé nunca estava doente: parecia castigo! Depois da sesta levámo-lo para casa... A febre manteve-se até quarta-feira e por esse motivo resolvemos ir ao centro de saúde. Fomos de manhã mas o médico de família só nos podia atender à tarde. Voltámos à tarde... O Xavi estava muito impaciente, irritado e até com iras que não são normais nele. Até tinhamos comentado que se aquelas birras continuassem até aos 3 anos ía ser um tormento. No consultório o médico depois de o observar disse não ver nada que despoletasse a febre: nem otite, nem amigdalite, nada dos pulmões, nada?!?... Apesar de tudo receitou-nos um antibiótico e deixou ao nosso critério dar-lhe ou não. Constatámos que era melhor dar-lhe o antibiótico uma vez que ele tinha tomado poucas vezes e não sabíamos onde estava a causa da febre. Às 18 horas faz a primeira toma do Azitrix e às 2 da manhã ainda estava febril. Pusemos um supositório «Panasorbe 250 mg» e na manhã seguinte já não havia febre. No entanto, apareceram sintomas muito estranhos: o pai reparou que o Xavi andava tonto e tropeçava com facilidade, irava-se por tudo e por nada, perdeu o apetite, fez três diarreias e apareceram-lhe manchas muito pequeninas no pescoço, cara e tronco. No final do dia de 5.ª feira a mamã achou que o cenário não era nada animador e que poderia estar a fazer uma reacção adversa a este antibiótico. Falou com uma amiga médica, a Leonor, que lhe disse que esse antibiótico era fortíssimo e que normalmente não era prescrito a crianças. Depois falou com uma amiga enfermeira, a Andreia, que também falou no mesmo... Mas nem uma, nem outra, pareciam convencidas com a tese de «alergia» ao medicamento. Antes da 2.ª toma do Azitrix, resolvemos ligar para a Linha «Saúde 24». Disseram-nos que o melhor a fazer era corrermos para o centro de saúde e esperar que ainda estivesse aberto. Quando chegámos às 19h15m já só lá estava a enfermeira que trabalha com o médico de família e uma médica noutro consultório. As duas, a quem relatámos todos os sintomas, puderam observar o Xavi e não estavam convencidas da reacção adversa. De qualquer forma mandaram-nos suspender a toma e mais nada... Fomos para casa... No dia seguinte, sexta-feira, alguns dos sintomas mantinham-se inalterados: o tropeçar, as manchas e as iras.
À noite fomos visitar os avós. A avó não achou que o neto estivesse muito normal mas não me quis assustar: mandava-se para o chão, ficava todo tenso, e continuava ligeiramente cambaleante. Quando chegámos a casa, o Xavi bateu à porta (como costume), chamou o gato (como sempre) e correu para ele... mas caíu. Ficámos nervosos! A mamã teve uma intuição e ligou novamente para a «Saúde 24». Com os sintomas apresentados sugeriram-nos ir imediatamente para o hospital.
À meia-noite e pouco fomos atendidos na triagem. Pulseira amarela. Uma hora e meia de espera. Na sala de espera assistimos à angústia de uns avós que falam no neto que vai ser internado por suspeitas de «meningite». Entrada no consultório com a Dr.ª A.E.
- «Não gosto nada do que estou a ver...» - desabafa a médica.
- «Dr.ª desculpe a pergunta descabida mas estávamos ali na sala de espera e ouvimos a palavra «meningite». Acha que os sintomas dele se enquadram nesse diagnóstico?!?» - pergunta o pai.
(um segundo de pausa... que durou uma eternidade!)
- «Sim!» - resposta categórica da médica.
Sexta-feira santa e nós ali: com o mundo lá fora a passar-nos ao lado... Totalmente ao lado! Fomos para uma sala com duas macas, mais reservada do que os corredores cheios de macas com crianças em idade escolar a vomitarem loucamente. Nas horas que se seguiram, eu e ele éramos uns farrapos, uns eremitas, uns loucos, uns dementes. Ao mesmo tempo que nos queríamos aguentar fortes, sorrir e dizer que «não é nada!», a suspeita do que poderia ser criou demónios inimagináveis, horrendos e gigantes. Num primeiro instante, abraçámo-nos, beijámo-nos, afagámos os cabelos mutuamente, acariciámos as mãos um do outro e achámos que ía ser apenas um valente susto. Valeu-nos uma equipa de auxiliares, enfermeiras e médicos que nos explicavam passo a passo a «facada» que nos dariam a seguir. Começaram por colocar um cateter para o soro, fizeram recolha de sangue para análise e colocaram um saco para a urina. De seguida, enquanto dormia tentámos ir fazer a TAC. Quando chegámos perto da máquina o Xavi despertou, voltámos às urgências e foi sedado. A mamã ficou à porta... o papá lá dentro desesperava e o bebé ria-se que nem um perdido, meio zonzo e a acenar antes de entrar na máquina. Cá fora a mamã falava com uma auxiliar que falava nas suas desventuras amorosas e eu confessava que ali dentro estavam os homens da minha vida. No meio da conversa ela disse que «vai correr tudo bem, tem de acreditar» e que o mais importante era ver a cor do líquido que saísse na punção lombar: «se for transparente está tudo bem».
Seguimos para o passo seguinte... O Xavi foi novamente sedado e os papás não assistiram a nada, mas quando o Dr. H.F. saíu da sala a mamã perguntou logo: «-De que cor era o líquido?». Ele sorriu e disse «-Transparente como a água!». Foi um alívio enorme! Eu e o papá abraçámo-nos já sem forças, eram 6 horas e 21 minutos. Quando o efeito da sedação passou, as iras voltaram e estávamos preocupados com a possibilidade de ficar cheio de dores de cabeça por não estar quieto. Entretanto, a enfermeira C. envolveu-o com um lençol e ele adormeceu ao final de algum tempo. Por volta das 8h, o Dr. H.F. voltou a falar connosco e explicou-nos que já tinham 90% de certezas que não se trataria de uma meningite, faltavam os 10% reservados às encefalites. Também já sabiam que a causa não era bacteriana mas sim viral. Deste modo, iniciaram o tratamento intra-venoso com o único anti-viral para estes casos: o Aciclovir. O tratamento exigia um internamento de pelo menos 48 horas. O coração tornou-se novamente numa migalha... Ficar ali no hospital... mais 2 dias pelo menos...
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terça-feira, 3 de abril de 2012
5.ª semana - 5.ª surpresa - Planos furados...
Posso dizer, sem medo de errar, que esta semana foi a semana dos «planos furados» e por esse motivo não há surpresa. E aquelas que foram surpresas, ou não se concretizaram como havia sido planeado ou surpreenderam pela negativa!
Na 4.ª feira da semana passada a mamã insistiu muito com o papá para irmos até à praia para tu aproveitares o sol bom que andava no céu, a areia que o ano passado fez as tuas delícias e o mar ao qual te queres atirar sempre que o vês. Nesse dia foi diferente: estava calor, estendemos a toalha e quando te sentaste lá, de lá não saíste... e se tocavas na areia desatavas num berreiro. Não correu mesmo nada bem! Nós bem tentámos... Fiquei tão frustrada... A mamã adora praia e vai ser muito infeliz se tu fores daqueles meninos «avessos» ao Verão.
Na 5.ª feira andei a planear um lanche de aniversário surpresa para a minha amiga C. Combinei com outras duas amigas (e respectivos filhotes) que estivessem cá em casa antes da C. para a surpreendermos com um bolo de aniversário. Fiz uma tarte de morangos estupenda! Enquanto a cozinhava calhou olhar de relance para o calendário, que dizia: «dia 31 de Março: aniversário da C.». Ou seja, ela não fazia anos nesse dia!!! Bolas!!! Mas ela gostou à mesma e quando lhe contei a façanha ela fartou-se de rir... e ainda recebeu dois miminhos!
E assim foi a semana da ausência de supresas...
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